domingo, 20 de fevereiro de 2011

O fado explicado em castelhano


É a minha segunda participação nesta recém-criada magazine sedeada em Buenos Aires. Sobre o Fado - e o seu percurso e relação com este país que é o nosso. Entretanto, houve novidades sobre a candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO - que já não aparecem reflectidos no artigo. Fica a intenção.

"En portugués se dice fado. No existe traducción posible en cualquier otra lengua, aunque la palabra en sí puede tener varios significados: un sentimiento próximo al dolor, el destino, la suerte, la imposibilidad… Pero tal como los múltiples sentidos del blues, también el significado más extendido del fado es un tipo de música tradicional con base en la voz, la guitarra clásica y la guitarra portuguesa (y algunas variaciones que pueden ser impuestas por instrumentos como contra bajo, violonchelo o violín) (...)"

Leiam mais. Aqui.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Declaração

A memória é bem traiçoeira. Nem queiram saber. Falo por mim: eu tenho uma memória de merda. Uma pessoa pensa e sente-se defraudada: são coisas simples, óbvias, qualquer gajo devia lembrar-se disto - e nada. Não contem comigo para isso da memória. Esqueço-me, pronto. Mas há pior. Um gajo pode perfeitamente não se lembrar de coisas que aconteceram - é uma disfunção normal, pronto, embora seja irritante.
Mas lembrar-se de merdas que não aconteceram - ou que, por exemplo, não se viveu -, isso mete um gajo noutro domínio: o domínio psiquiátrico. Ora imaginem que eu, agora, começava a contar - com pormenores - as minhas incursões na Revolução Francesa. De como foi bonito o 25 de Abril de 74. Como é que isto vos soava? Exacto. Mas bem, o problema é que isto não é tão inusitado assim. Eu, por exemplo, convivo com pessoas que sofrem deste problema: é gente que se recorda como se fosse hoje de um Benfica - Sporting de 1979 que acabou 3-2 para o Benfica. Isto gente que vem a nascer em 80 e troca o passo. Mas se formos distraídos, a coisa segue, nem damos por isso. Quem diz um Benfica - Sporting, diz um Farense - FC Porto, um Tirsense - Barreirense ou uma telenovela qualquer.
Vem isto a propósito de uma declaração. De amor. A minha memória é fraquinha mas permite-me opinar, com a propriedade possível: Ronaldo Nazário de Lima foi o mais extraordinário jogador de futebol que vi jogar. Não há iutúbe que me desminta. Ronaldo era estrela, mágico, portento, força da natureza. Fenómeno. Já está: 34 anos e muitos quilos (e golos, já agora) depois, alguns filhos (não se sabe bem quantos, se quatro, se dez), uma vasectomia e uns travestis. Do alto dos meus dez ou onze anos, aquilo que fez bastaria para ser o melhor de sempre. De longe.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Correntes d'Escritas 2011

A lista é longa - e pública - mas, para todos os efeitos, foi resgatada aqui. São os escritores confirmados nesta edição do Correntes d'Escritas, que decorre entre 23 e 27 de Fevereiro no sítio do costume, a Póvoa de Varzim.

António Victorino D’ Almeida – Portugal
Aurelino Costa – Portugal
Carlos Vaz Marques – Portugal
Carmen Yáñez – Chile
César Ibáñez París – Espanha
Conceição Lima – S. Tomé e Príncipe
Cristina Norton – Portugal
Daniel Mordzinski – Argentina
David Machado – Portugal
David Toscana – México
Eduardo Lourenço – Portugal
Fernando Pinto do Amaral – Portugal
Francisco Duarte Mangas – Portugal
Francisco José Viegas – Portugal
Gastão Cruz – Portugal
Ignacio del Valle – Espanha
Ignacio Martínez de Pisón – Espanha
Inês Pedrosa – Portugal
Ivo Machado – Portugal
João Gobern – Portugal
João Manuel Ribeiro – Portugal
João Paulo Borges Coelho – Moçambique
João Paulo Cuenca – Brasil
José Carlos de Vasconcelos – Portugal
José Jorge Letria – Portugal
José Manuel Fajardo – Espanha
José Mário Silva – Portugal
Júlio Conrado – Portugal
Juva Batella – Brasil
Karla Suarez – Cuba
Kirmen Uribe – Espanha
Luís Represas – Portugal
Luis Sepúlveda – Chile
Luís Silva – Portugal
Manuel Jorge Marmelo – Portugal
Manuel Rui – Angola
Maria Flor Pedroso – Portugal
Maria João Martins – Portugal
Maria Manuel Viana – Portugal
Maria Teresa Horta – Portugal
Mario Delgado Aparaín – Uruguay
Mário Lúcio Sousa – Cabo Verde
Mário Sousa Pinheiro – Portugal
Mário Zambujal – Portugal
Miguel Miranda – Portugal
Nuno Crato – Portugal
Nuno Júdice – Portugal
Onésimo Teotónio Almeida – Portugal
Patrícia Reis – Portugal
Paulo Ferreira – Portugal
Pedro Vieira – Portugal
Raquel Ochoa – Portugal
Ricardo Romero – Argentina
Ricardo Menéndez Salmón – Espanha
Rui Zink – Portugal
Uberto Stabile – Espanha
valter hugo mãe – Portugal
Vergílio Alberto Vieira – Portugal
Yvette K. Centeno – Portugal

Do caos também sai grande literatura


"A literatura nasce de muitos lados. E, por vezes, nasce também do caos. E foi aí – mais precisamente aos destroços do Furacão Katrina, em Nova Orleães – que Dave Eggers foi buscar pano de fundo para um narrativa não-ficcional sobre a tragédia, mas mais do que isso, sobre a história de um homem (e da sua família) levado numa enxurrada de violência, preconceito e injustiça. (...)"

Sobre um dos melhores livros publicados em 2010 em Portugal, "Zeitoun". Ler mais aqui.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Da razão e seus limites


"Camer e o inquérito. O problema é sempre este: és tu que estás na posse das perguntas - a minha liberdade é, pois, nula. Só posso responder. A idiotia comum é esta: a pessoa pensar que está livre porque pode responder, porque pode escolher. A grande diferença é esta: és obrigado a escolher: sim, não - e é essa obrigação que te rouba a liberdade mínima.
Nem prefiro não, nem prefiro sim. Pelo contrário. "