quarta-feira, 6 de julho de 2011

Até no meio do caos há esperança

O momento era inusitado. Por várias razões. Mas uma nova experiência sempre é uma nova experiência. A minha última por aqui foi o hitchiking. À “boleia” de uma amiga polaca veterana, arrisquei a tentativa. O primeiro trajecto era curto: de Bujanovac até à fronteira com a Macedónia. Um pulo: 30 quilómetros, se tanto – o que, para primeira vez de polegar em riste, não me pareceu tão pouco assim. Mas o melhor ainda viria. Cinco minutos depois, parava um carro.
O condutor era um albanês radicado na Suiça, de férias de Verão na “terra (o irónico que isto soa, falando de Bujanovac – e não é) natal”. No pouco que conseguimos comunicar, no nosso esforçado mas incipiente sérvio, e no seu esforçado, mas ainda mais inexistente inglês, acabei por reter a mais curiosa informação da curta viagem: o nosso amigável motorista albanês, proveniente de uma das zonas mais conflituosas da Ex-Jugoslávia, estava a dar-nos a ouvir - e é um fã absoluto de - música sérvia. E afirma-o, a quem o queira ouvir – não saberei nunca se o fará com o mesmo á-vontade entre compatriotas - com um sorriso nos lábios.
Quando saí do carro, junto à fronteira da Sérvia com a Macedónia, e me propus a passá-la, a pé, de mochila quase vazia às costas, tinha reforçado o meu parco optimismo antropológico.

Skopje, Macedónia

Veles, Macedónia: Uma cidade entre as escarpas dos Balcãs e os morros brasileiros